Já parou pra pensar, amigo leitor, o que seria a saudade? Saberia me definir?
Para mim, acredito que a saudade seja uma confusão do cérebro, biologicamente falando.
Ou seja, você lembra de algo que já passou, vivencia todos aqueles sentimentos que já passaram, e ai, subitamente vem o abismo que é aquele momento em que você percebe que perdeu tudo aquilo.
Chega a ser triste, cruel, covarde. Mas porque mesmo assim insistimos que a saudade seja algo bom como diz a música do Caetano Veloso: “...melhor que caminhar vazio”, seria isso mesmo? Não tenho certeza!
Posso apenas imaginar que a saudade é um exercício constante de valorizar aquilo que julgamos raro, que nos alegra, que nos motiva, mas que mesmo assim, perdemos.
Saudade também pode ser um momento.
Saudade é o cheiro de café à tarde com pão e queijo quentinho.
É aquele toque na nuca que arrepia o corpo.
É a sensação do edredom roçando a pele.
A gota d’água que atinge o cenho num dia quente.
É o primeiro beijo.
É o filme que te fez chorar como uma criança.
É o pai ausente, é o filho ausente, mesmo vivos e a uma parede de distância.
É a lembrança alegre que vem numa cama de dimensões infinitas, onde vive um casal que perdeu o querer.
É a lambida no rosto do primeiro bicho de estimação.
É o amigo de infância que você não vê mais.
É aquele parente que já se foi.
É a menina que você se apaixonou a primeira vez que viu ( ou o menino).
É o livro que te fez parar de pensar da mesma forma.
É o professor que ouviu as suas dúvidas.
É a primeira vez que alguém lhe roubou um beijo.
Talvez seja isso a saudade. Um conjunto de fatos, de coisas que aconteceram, que podem ser ou não importantes, mas que as decoramos com a permissividade da nossa memória.
Recordar é viver? Não sei! Mas depois de muito refletir, acredito que a saudade é uma morte em câmera lenta.
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