Sinopse: Peter Parker está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury. Convocado para mais uma missão heroica, ele precisa enfrentar vários vilões que surgem em cidades-símbolo do continente, como Londres, Paris e Veneza, e também a aparição do enigmático Mysterio.
Há quem goste dessa nova fase do "amigo da vizinhança", mas eu definitivamente não sou um deles e eu tenho três razões particulares (bem específicas) para isso: 01. O processo de infantilização de Peter Parker me irrita demais; 02. A escalação do ator Tom Holland até hoje não me convence em nada e 03. O fato do Homem-Aranha ter que ser "acionado" para defender o mundo tira toda a sua autonomia enquanto figura auto-suficiente. No entanto, eu devo concordar com o seguinte fato (e confesso que fiquei surpreso com isso!): Homem-Aranha: Longe de Casa é bem mais divertido do que o seu antecessor.
Carregando o "fardo" de ter que ser o primeiro filme da Marvel Studios depois de Vingadores: Ultimato, é possível dizer que aqui, a conclusão relacionada a Saga do Infinito foi finalizada e uma nova fase se inicia com esta sequência. Isso foi - reconhecidamente - uma estratégia muito bem pensada por parte dos roteiristas para manter o MCU vivo - e provavelmente com mais uma tonelada de filme de super heróis por vir - nos cinemas.
Deixando a "nostalgia" de lado (já que o filme faz muita referência ao personagem do Homem de Ferro por razões óbvias), agora Peter Parker tem um desafio ainda mais complicado pela frente (algo que inclusive é tratado de forma mais abrangente ao longo da projeção): continuar a sua jornada de super herói em meio aos seus "típicos" problemas adolescentes depois de toda aquela tragédia e analisar qual foi - ou será - o impacto disso no seu ciclo social (porque querendo ou não, ele tem uma vida no "mundo real").
O foco agora é fazer com que Peter "esqueça" de suas responsabilidades como salvador da nação e para isso, ele vai curtir as férias de verão na Europa com os amigos do colégio (incluindo Ned e MJ). No entanto, é claro que as coisas logo ficam esquisitas e ele é acaba sendo requisitado por Nick Fury e Maria Hill para ajudar Quentin Beck (o Mysterio) a lutar contra os chamados Elementals, que estão destruindo tudo por onde passam.
Em meio a essa nova missão, a abordagem narrativa é muito feliz porque coloca em evidência aquele que passa a ser o maior dilema do protagonista: "Qual é o tipo de herói que ele deseja ser?"... Enquanto ele decide isso (argumento dramático bem eficiente e que ronda uma boa parte do filme), precisa lidar com a angústia de ter que, de alguma forma, preencher o espaço deixado pelo Homem de Ferro e entender o que a chegada do enigmático Mysterio vai trazer.
Apesar da boa ideia apresentada (e na qual todo o tempo se constrói), o filme falha em um dos aspectos principais: o desenvolvimento de seus personagens. Não se trata se ser um erro completo, mas assim como na parte anterior, é fácil notar que alguns personagens ficam soltos e confusos na trama (como se fossem meros acessórios esquecíveis), enquanto o filme faz um tremendo esforço para ficar de pé e não desmoronar.
O duo Tom Holland + Jack Gyllenhaal é eficiente junto, mas separados ficam precários (basicamente porque o Holland é um ator ruim mesmo!). Já os outros personagens, parecem que fazem apenas figurações (mesmo que algumas soem como algo mais importante do longo do desenvolvimento do filme). É impressionante ver o quanto boa parte de todo o elenco é mal aproveitado e no quanto algumas performances são caricatas!
Uma tentativa falha de fazer a produção se manter como puro entretenimento também não funcionou, porque a ação (que vista apenas nos trailers é bem empolgante) ficou um pouco aquém do esperado (apesar de existirem alguns ótimos momentos e que fazem jus aos filmes do aranha) e além disso, o fato de terem picotado fortemente as cenas mais instigantes foi bem frustrante de assistir... Foram mal dosadas, e acabaram não funcionando da maneira correta.
Em relação a aposta para tentar manter o público intrigado, a inclusão do Mysterio à trama foi relativamente rasa e ficou bem bagunçada (tendo que melhorar muito para se tornar algo verdadeiramente substancial). Sem contar o fato de que ter o Homem-Aranha como "única opção" disponível para defender o mundo (já que existem lutas em diversos lugares da Europa) foi um argumento que não intrigou em nada, e que por sinal, eu achei bem falho.
O diretor Jon Watts parece não ter segurado as rédias e deixou a produção correr solta no seu próprio ritmo e facilmente, tudo saiu do controle (existem momentos onde o filme simplesmente não sabe para onde corre). O resultado não poderia ter sido outro: uma bagunça visual (que por sinal, posta em ótimos efeitos especiais e uma trilha sonora muito boa!), mas que "inexplicavelmente" teve algum sentido quando chegou ao seu final.
Mesmo com todos esses defeitos, eu digo que Homem-Aranha: Longe de Casa consegue ser, de maneira geral, superior ao seu antecessor porque ele trás uma essência mais verdadeira em termos de entretenimento que busca oferecer algo a mais além de "mais um filme de super herói" ao espectador (embora persista em alguns mesmos erros)... Demonstrando que pode acontecer um possível amadurecimento da franquia nos próximos filmes.