#FILMOTECA# - "Nerve" | "Nerve - Um Jogo Sem Regras" (2016)

Fonte: Divulgação (The Update)

Sinopse: A estudante Vee, pressionada pelos amigos, decide participar do jogo online Nerve, que faz desafios reais aos seus jogadores. Porém, o jogo toma um rumo assustador e, ao chegar no estágio final, Vee precisa tomar decisões que irão determinar o seu futuro.

Até onde você seria capaz de chegar para se tornar uma pessoa popular, ou simplesmente "visível" (ao ponto de apenas desejar ser notado(a) perante os demais que - de alguma maneira te circulam)? Os meios são os mais diversos e todos apresentam um nível de exposição que pode ou não atender as suas expectativas, mas fato é que a para a jovem Vee, decidir participar de um jogo aparentemente inocente parece ser a solução perfeita para os problemas dela.

Fonte: Divulgação (Rotten Tomatoes)

O roteiro tem como pano de fundo central uma dita "terra sem lei" chamada internet. Onde todo mundo pode "ser e fazer o que quiser", a narrativa tenta se debruçar ao máximo nessa questão e por vários momentos a história consegue êxito em mostrar a urgência dos perigos escondidos dentro do frenético jogo (que é tratado no filme como uma verdadeira febre devido a aceitação e a fidelidade do público e dos jogadores), mas infelizmente a ousadia dos roteiristas não consegue se prolongar a ponto de realmente criar situações onde tudo se intensifique de uma maneira mais brutal (não no sentido físico... mas sim, no sentido emocional a ponto de desestabilizar a mente dos personagens).

Pecando por essa falta (ou seria omissão?) de "algo a mais" o desenvolvimento do filme, de maneira geral (inclua aqui todos os aspectos do mesmo), fica um pouco comprometido e dá um ritmo muito morno para uma trama que tinha todo o material para ser mais explosivo e cheio de tensão.

Fonte: Divulgação (The Edge)

Os momentos onde o jogo realmente consegue definir situações absurdas - a ponto de atentar contra a própria vida dos jogadores - são poucos e isso faz do jogo uma ameaça menos perigosa do que o filme tenta construir ao longo da sua projeção (o que acaba sendo um problema relevante porque tira um pouco do impacto acerca da letalidade incutida no jogo).

Quando os argumentos mais fortes do filme vêm completamente à tona (onde o principal deles é até onde uma pessoa anônima pode ser responsável pelos erros das pessoas que estão dispostas a arriscar a própria vida pela fama) o filme ganha muita força e estabelece na mente do telespectador um excelente material para um debate... No entanto, o debate tem que ser apenas por uma vida - a do próprio telespectador - porque a narrativa não entra a fundo na questão (e com isso perde uma ótima chance de dialogar com o seu público), optando apenas pela camada mais superficial do problema.

Fonte: Divulgação (That's Normal)

Os diretores Ariel Schulman e Henry Joost não fazem disso um grande problema e conseguem - através de um ritmo movimentado na condução das cenas - causar uma ótima distração enquanto o filme vai sendo construído. Nesse trabalho de distração, merecem o devido destaque o trabalho de criação envolvendo a equipe iluminação (que nesse aspecto consegue se impor em uma boa parte do filme, onde a trilha sonora também consegue ser eficiente).

Quanto aos personagens, eles não recebem o devido tratamento (nem mesmo os protagonistas Emma Roberts e Dave Franco que aliás... tem performances bem medianas) e isso ajuda a impactar negativamente o filme, que mais uma vez consegue se salvar devido a habilidade dos diretores em compensar o público com ótimos jogos e ângulos de câmeras durante os desafios que são impostos.

Ao chegar no terceiro ato, o filme não se segura nas próprias pernas e prefere apresentar um clímax muito rápido, desse modo, a atmosfera tensa que foi criada para o desfecho se torna quase inútil perante a simplicidade da última cartada. Embora haja um boa surpresa no final, o twist não é o suficiente para suprir a carência de um final mais elaborado para toda a complexidade que o filme insistiu em construir acerca do jogo (onde tudo parecia ser uma rede extremamente complexa que foi "desbancada" em questão de segundos pelo amigo nerd da protagonista).

Fonte: Divulgação (Japan Times)

Nerve - Um Jogo Sem Regras é um filme de altos e baixos, porém, ainda que oscile muito em sua qualidade, merece um bom crédito por ser bem intencionado e colocar em pauta uma questão que merece muito mais atenção do que atualmente vem recebendo pelos responsáveis que estão envolvidos no problema (sejam eles de forma direta ou indireta) e por quem deveria resolvê-lo.