Talassofobia – O Medo do Oceano

in pt •  7 years ago 

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A talassofobia é o medo irracional do oceano, da sua imensidão e do que ele oculta. Procurei artigos mais sérios para fundamentar o texto, mas não encontrei nada profundo, apenas descrições vindas de sites comuns da internet.

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O nome dessa fobia de caráter anormal vem das palavras gregas thalassa, que significa mar ou oceano, e de phobos, que significa medo. Essa é uma das várias fobias associadas à água. Seu objeto de terror pode ter certo grau de variação, estando associado à água salgada, ao medo de grandes ondas, medo da distância da terra ou mesmo ao medo da vastidão do oceano. É possível que o mais marcante seja, ainda, o medo de encontrar criaturas marinhas. Porém, é comum que o ponto mais relevante na fobia seja associado à vastidão do Oceano, o qual se apresenta a nós como o terreno do desconhecido, das profundidades e dos mistérios.

Quem possui a talassofobia, pode ter medo de nadar em grandes corpos de água como rios ou o oceano, assim como ter medo de fazer viagens que transitem por esses meios. A talassofobia tem um aspecto assustador que vem do fato de que quanto mais se aprofunda nela, mais assustadora pode ficar, pois seu objeto de medo, o mar, é marcado pelas profundidades quase insondáveis e criaturas desconhecidas e estranhas que lá habitam.

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As causas podem ser variadas. Pode ser que venham de uma questão relacionada ao imaginário popular. Quantas vezes não nos deparamos com notícias sobre banhistas sendo atacados por tubarões e outros animais? E quantas criaturas estranhas, gigantes e alienígenas ao mundo terrestre não aparecem nas praias trazidas pela maré? O oceano é depósito do nosso imaginário, é onde projetamos medos que habitam o sempre desconhecido. Podemos conferir esse fenômeno em filmes como Tubarão (filmes sobre terrores no mar não faltam!) e em livros como as 20 mil léguas submarinas de Júlio Verne. Há sempre um elemento desconhecido e aterrador no mar e isso reflete em nossa cultura, mesmo que não chegue habitualmente ao nível de fobia. Porém, a própria natureza do nosso imaginário de criaturas monstruosas, vastidões desconhecidas e naufrágios inescapáveis servem para fortalecer o medo de quem tem talassofobia.

Outras causas podem vir de eventos traumáticos e até ligação com desordens de caráter genético, assim como doenças envolvendo a glândula tireóide, desequilíbrios hormonais e insuficiências adrenais (nos lugares em que pesquisei, não é oferecido aprofundamento na questão biológica). Existe quem defenda que esse tipo de medo também pode ser de origem familiar, sendo passado de alguma forma pelos pais à criança.

Tratando dos sintomas, eles podem surgir quando a pessoa se encontra perto da praia enquanto que alguns podem não conseguir ver imagens ou filmes que tenham como conteúdo o oceano. O fóbico pode apresentar tremor ao ver o oceano. Sentir-se apavorado e produzir ideações negativas relacionadas à morte são coisas comuns quando uma situação engatilha a talassofobia com seus sintomas. Outro sintoma é o de se sentir removido e afastado da realidade, sentindo-se dormente ou ficando impossibilitado de se expressar claramente; pode acontecer de a pessoa chorar ou fugir e também apresentar problemas gastrointestinais e náusea.

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Entre as opções para superar a talassofobia, são apontadas opões como Hipnoterapia e PNL (Programação Neurolinguística). A primeira abordagem envolve uma pessoa treinada e profundo relaxamento, buscando encontrar a raiz da fobia. A PNL ajudaria o fóbico a reprogramar sua mente, criando respostas diferentes às que ele normalmente tem quando confrontado com o seu medo. A terapia cognitiva comportamental (TCC) ajudaria na luta contra fobias em geral, sendo ela baseada na ideia de que a reação da pessoa à situação pode estar mais relacionada à própria percepção distorcida do que à situação que se apresenta de fato. Ou seja, a antecipação de um evento, nesses casos, acaba sendo pior que o evento em si; então a TCC busca dissolver as ideações negativas e distorcidas da pessoa, mudando seu comportamento perante o elemento que dispara o medo.

As implicações da talassofobia também podem ser visitadas desde o ponto de vista arquetípico. O oceano pode ser uma imagem para elementos primordiais que invocam coisas como: profundidade, vastidão e desconhecido. Ou seja, o próprio inconsciente é representado ali. Um senso de infinitude. Isso não precisa ser necessariamente algo de caráter negativo ou aterrador. Freud falou no sentimento oceânico como o sentimento de conexão com o mundo, de união com o todo, de que se é parte de algo maior que nós mesmos. O sentimento oceânico seria parte importante da fundamentação religiosa.

Contudo, tratando de uma fobia, devemos olhar para o oceano em seu aspecto aterrador. Quantos sonhos não contam com ondas gigantes varrendo a terra? As águas desconhecidas trazendo coisas inesperadas do oceano – criaturas, algas e tudo mais – sobre a terra onde erigimos nossa civilização. Muitas vezes, podemos ver nessa imagem as águas do inconsciente em tom de revolta varrendo a terra segura de nosso consciente, causando um cataclismo simbólico que aponta para renovação ou para o colapso da ordem estabelecida. O medo do oceano também é o medo daquilo que é maior e mais profundo que nós, daquilo que tem em si o que nos é estranho e ameaçador.

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As criaturas do mar não são como nós, elas são de uma ordem totalmente diferente e que, se bem pensada, carrega um aspecto quase alienígena! Não podemos viver no mesmo ambiente que elas, pois o próprio mundo que as envolve nos sufocaria e lentamente causaria nossa morte por afogamento. E muitas daquelas criaturas são muito maiores que nós, superando nossas pequenas medidas em uma proporção assustadora.

As águas cobrem a maior parte do planeta e são mais profundas que nossa mente consegue conceber. Quando falamos em nosso planeta, a terra segura é mais a exceção do que a regra; no mar estaríamos à mercê de um mundo ameaçador e desconhecido sempre disposto a nos atacar. No oceano, nos tornamos presas do desconhecido, estamos totalmente fora do nosso mundo. Ali somos inadaptados, desajeitados e impotentes, pois não podemos respirar e não podemos nadar ou ver tão bem como seus habitantes, ficando apenas à espera que qualquer existência terrível das negruras abissais que descansam sob a superfície venha nos puxar para a morte.

A talassofobia me parece, no fundo, um medo que todos nós temos em alguma medida. Soa como natural temer esses elementos simbólicos da água e do mar. Porém, são raros os casos em que essas impressões chegam ao nível de fobia. Nesses casos em que os sintomas mencionados se apresentam, o melhor é procurar ajuda se for verificado que o medo do oceano está atrapalhando atividades diárias ou sendo um grande incômodo. Além dos métodos apontados anteriormente, há sempre outras opções. A psicoterapia em geral (não apenas a TCC) pode ajudar a enfrentar as causas do medo, os sentimentos em relação a ele e desenvolver estratégias de enfrentamento que possam diminuir a ansiedade da pessoa diante do oceano.

Esse é um tema bastante interessante uma vez que o oceano invoca imagens que nos remetem ao grande desconhecido, ao próprio inconsciente, aos traumas, complexos e à morte.

Obrigado pela leitura!

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REFERÊNCIAS

Fonte 1
Fonte 2
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Esse é um texto sobre psicologia. Também escrevi sobre o tema em outras ocasiões:

E, às vezes, nos esquecemos no passado | O que vemos lá fora

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é engraçado observar como algo tão belo pode causar medo em algumas pessoas. E os motivos podem ser diversos desde um trauma até qualquer outra razão como escreveu. Os medos têm explicação, mas muito vezes nem imaginamos de onde possam vir.

Exatamente!
O oceano pode despertar tanto coisas boas como sentimentos de medo e isso é incrível!
Obrigado pela leitura e pelo comentário :)

Que loucura isso heim !!

A vó da minha esposa morre de medo do mar, ela diz que tem medo de vim um tsunami hehehe nem vem pro litoral de tanto medo que tem...

Ótimo artigo


projeto #ptgram power

Depois daqueles tsunamis que aconteceram na Ásia, imagino como o medo não foi alimentado pelas notícias e imagens da tragédia!
Valeu, @peagha !

Muito bom o texto @flaviusbusck . E acabo de descobrir que o que tenho tem nome hehehe Adoro tomar um bom espumante olhando o mar e só, mas não entro. Nunca passei por situações traumatizantes com água, mas em nada que eu não possa enxergar meu pé eu não entro hehehhehe

Ps. Algumas fotos aí me assustaram pra caramba hehhe

Eu entendo bem isso, tenho um pouco desse receio e essas imagens me dão uma sensação bem desagradável. Acho que é mais comum do que a gente pensa esse 'medo'.
Obrigado! :)