Então, aparece uma velha, que naquele mundo é minúscula em relação a ele. Curiosa e sem entender muito bem a situação, ela pergunta o que seria aquilo repousando ali. Besourão que tinha rolado para longe do seu exoesqueleto, vê naquela pergunta uma oportunidade de se divertir um pouco, e diz:
"É uma máquina do tempo. Basta entrar nela e mexer em alguns botões e viaja-se para qualquer tempo. A senhora pode até entrar lá e ir para o futuro. Há um futuro onde se pode conseguir qualquer coisa: não ter doenças, ficar bonito, não morrer, rejuvenescer..."
A velha caquética nem pensa duas vezes. Ela diz para ele "Obrigado pela dica, senhor!", e já está caminhando com dificuldade em direção a casca.
Então, besourão fica feliz ali imaginando a velha caquética entrando dentro do exoesqueleto e tomando um baita escorregão na lisa superfície interna. Ele pensa: "Só de ouvir o barulho do tombo vai ser divertido. Vai ajudar a passar o tempo enquanto se recupera desse estado pastoso, e ainda terei uma boa história para contar e rir amanhã com os amigos."
Mas, depois que ela entra na casca com grande dificuldade, ouve-se alguns passos e a bengala batendo na superfície lisa, e, então, um som estranho... E mais nada.
Besourão não entende aquilo e fica intrigado. Tenta chamar a velha algumas vezes, mas não há nenhuma resposta.
O tempo vai passando, e, sem poder se mover ainda, besourão fica cada vez mais inquieto e não pára de pensar de tanta curiosidade: "O que teria acontecido?!"
O tempo vai passando, nenhum som se ouve, nada acontece, e o grande besouro não mais se aguenta de tanta curiosidade. Ele começa até a achar que o seu exoesqueleto está demorando demais a endurecer.
Muito tempo depois...
Parece que a ansiedade está mesmo atrapalhado o exoesqueleto a endurecer. Besourão está ficando cansado. Meio cochilando, ele mantém os olhos na saída da casca. De repente, percebe que deve estar realmente cansado, pois sua mente estava começando a acreditar que dali poderia sair uma ser rejuvenescido. Uma bela mulher... Ele, então, tenta acalmar a sua mente: "Nada de pensar bobagem! A velha deve ter tido um piripaque e morrido. Tenho que me acalmar e recuperar-me da troca de casca para voltar para a floresta."
Mas, por mais que tente, besourão não consegue parar de pensar no que teria acontecido e se acalmar. Naquele estado pastoso, ele não consegue se mover até a entrada da casca para ver o que aconteceu. Sente que a noite já está chegando, e fica mais ansioso ainda. Em breve, aquele lugar estará cheio de perigosas criaturas noturnas que adorarão devorar um petisco bem macio e saboroso...