Ok... a série acaba no ano de 1991.
Acontece que o mundo é um negócio bizarro e perverso, de lá para cá David Lynch destruiu o cérebro de seus fãs com uma porção de filmes, incluindo o esplêndido Mulholland Drive. Na época da série ainda lançou um filme chamado Fire Walk With Me - Os últimos dias de Laura Palmer. Que para um desavisado que resolve ver por conta sem conhecer a série (como foi meu caso), foi como entrar num pesadelo editador por um doente mental. Ok, foi exagero. Mas é um negócio absurdo, porém para os que conheciam a série completa, muitas peças foram encaixadas, muita coisa ganhou cores novas com esse filme, inclusive com a fantástica cena com David Bowie interpretando o enigmático Phillip Jeffries.
Passam-se os anos e então chegamos em 2017, e sinceramente, não sei se isso veio das cabeças insanas e geniais de Lynch e Mark Frost (o co-criador de Twin Peaks, perdão por não falar nele antes, grande homem, genial também) ou se alguém colocou essa pulga atrás da orelha deles, mas o fato é que passaram-se os 25 anos que Laura Palmer falou no ouvido de Cooper. E cá estamos nós, com a série retornando das cinzas, do inferno, sei lá de onde! E retorna DESTRUIDORA. Sério. Destruidora.
Quando pensa se que Lynch já tinha avacalhado bastante com a mente de seus telespectadores, ele faz pior, muito pior. Inclusive, Twin Peaks: The Return (2017) é um divisor de águas da própria série, por que existiam dois tipos de fãs: os fãs saudosos que gostavam da trama novelesca com um certo mistério que permeava principalmente a primeira temporada (1990) e os fãs que gostavam do delírio, dos enigmas, dos pesadelos e perturbações mentais espalhados por toda a série. E Twin Peaks Return é exatamente o florescimento dessa segunda parcela. A série não erra em um mero minuto, de todos os seus 18 longos episódios. Além de expandir o mundo além da cidadezinha e incluir uma gama incrível de novos personagens cativantes e absurdos, consegue cavar muito fundo no inconsciente do espectador que aflito tenta junto com todos os envolvidos resolver ao menos uma parte da trama que agora torna-se brutalmente mais complexa do que já era! A maioria dos personagens originais estavam presentes na série e era incrível vê-los mais velhos, com marcas no rosto. Não a toa Kyle MacLachlan concorreu ao Globo de Ouro do ano de 2017 pela sua múltipla atuação... É difícil de explicar, mas Kyle fez o papel de Cooper preso em uma realidade paralela, Cooper na terra "possuído" por um espírito assassino e um Cooper estúpido, desmemoriado e encarnado no corpo de outro homem, esse terceiro rendendo de longe sua melhor atuação, engraçadíssima!
Como disse no início do texto, tudo que falar aqui será insignificante diante da densidade e profundidade dessa obra máxima das séries. Só mesmo assistindo para entender. Mas é importantíssimo deixar claro: NÃO COMECE PELA NOVA TEMPORADA. A Netflix faz parecer que é a primeira temporada, mas não, não é. Volte para 1991 (dê seus pulos, se vire) e assista as duas primeiras. Sério. A segunda é demorada e cansativa (principalmente por que Lynch largou o meio dessa temporada na mão de outros diretores) mas termina muito bem e você poderá se dar o prazer de ver 18 horas da nova temporada.
Cabe ainda aqui dar alguns exemplos de quão influente foi a série para o mundo. Twin Peaks influenciou: Fargo, True Detective, Lost, Leftlovers, Top of the lake, além de jogos como Silent Hill, Life is Strange, Alan Wake e Deadly premonition.
Ao ser questionado a respeito de uma continuação da série para os anos seguintes, o velho Lynch apenas responde: -Nunca diga nunca.
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Acho que merecia aqui uma menção à excelente trilha sonora especialmente á inesquecivel Falling
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Sem dúvidas!! Foi um lapso deixar passar a incrível trilha sonora da série! Valeu por lembrar!
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Sempre tento arrumar forma de encaixar musica em tudo na minha vida e de facto quando são inesqueciveis nao posso deixar de contribuir para que teu post ficasse mais completo nota que ainda podes editar e acrescentar se assim o entederes.
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Fiquei com vontade de assistir. Eu parei na primeira temporada por algum motivo, mesmo gostando de toda a esquisitice do ambiente. O seu texto me lembrou de uma sensação que tive nos episódios que vi, a de que, mesmo em uma cidade "típica" com "lenhadores e pescadores, pessoas simples, tomando seus cafés num restaurante de beira de estrada e esperando a noite chegar para dormir", o humano nunca falha em deixar marcada a sua profundidade e sua inapagável tônica de esquisitice nas pequenas coisas que compõem nossa existência.
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Só lembro de sempre dormir no meio dos episódios e acordar vendo aquelas cenas do Black Lodge sem saber se eu tava sonhando ou se estava acontecendo mesmo...
De qualquer modo, meu estômago ainda é fraco para aguentar certas cenas...
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